25 de ago. de 2011

Paixão


As pessoas que, como eu, são movidas pela paixão compreendem que a vida vivida fora dos extremos é como estar ligado no automático. A paixão é o sopro, o estímulo, o elo, o que nos faz ir além, o que nos tira da cama mesmo numa manhã cinzenta, o sorriso, o brilho nos olhos, a garra para lutar acima de qualquer porém, é o que nos torna únicos.

Ser apaixonado é ser efêmero e como um bom exemplar me pego constantemente na dúvida de gostar de muitas coisas ou no final não gostar realmente de nenhuma delas, e sempre acabo por tomar a mesma resposta: uma alternativa não anula a outra. A efemeridade tem sua beleza e certamente suas vantagens. Tantas outras pessoas preferem a seguridade de uma vida metódica e prática, mas quem já se acostumou à excitação proveniente de um bom frio na barriga sabe que não há nada melhor do que o incerto. Ah! Que sensação mágica! O estômago se retrai e afunda nas suas entranhas só de imaginar o que te aguarda.

Ser apaixonado é estar acima da razão, de tudo e de todos e agarrar com unhas e dentes aquilo que te faz vibrar. É lutar por um futuro desconhecido quando teimam em te convencer a ficar com o mais simples, não por capricho, mas pela conquista. Quem é movido pela paixão é movido pela conquista.

18 de ago. de 2011

Banco de reservas


Às vezes me acho muito cética quanto às pessoas e os sentimentos. Acho que as pessoas nunca serão melhores do que são hoje, porque os erros começam com elas mesmas e elas nem reparam isso, ou simplesmente são humanas demais para reconhecer e fazer alguma coisa por isso. Tudo é muito emocionalizado e pouco racionalizado. Uma coisa que sempre achei muito ambiciosa das pessoas é achar que elas são insubstituíveis. É um carinho para o ego, quase uma necessidade para que continuemos a viver felizes e crentes quanto à vida. Mas, se você deixar a emoção de lado, a verdade é que somos substituíveis.

Amigos, namorados, colegas de trabalho, companheiros... cada um é único em seu jeito de ser, suas qualidades e defeitos, mas ninguém é tão especial que você não vá encontrar outra pessoa tão boa quanto aquela que te deixou, que você deixou ou que a vida distanciou da forma que for. Ninguém é melhor que todos os outros sete bilhões de habitantes da Terra, a ponto de ser impossível achar alguém que ocupe aquela posição tão bem quanto seu antecessor. Vai sempre existir um carinho, uma saudade, um aperto no peito por aquela pessoa que não faz mais parte de você, mas terão tantas outras do seu lado pra te fazer rir e chorar e continuar vivendo. As pessoas vêm, vão e você continua vivendo.

Pode parecer cético, mas essa visão me ajuda a ser uma pessoa melhor com aqueles que eu amo e não quero perder. Porque eu sei que eu sou substituível e eles são substituíveis, mas eu espero continuar na vida deles e que eles continuem na minha. Dou o melhor de mim para que eles não queiram ir embora, mas se forem, levem de mim as melhores lembranças possíveis!

11 de ago. de 2011

Querer sempre quem só te quer de vez em quando


Estou fazendo merda. Eu sei que estou fazendo merda. Eu estou vendo que eu estou fazendo merda, mas eu vou continuar fazendo mesmo assim. Não que eu não consiga parar, eu apenas não quero. Talvez você seja aquele prazer infantil de fazer o que se quer, ignorando totalmente as consequências. Mas é até difícil acreditar que você é um erro quando lembro daquele sorriso que dá vontade de sorrir junto que você tem. Esse sorriso que não me sai da cabeça nem com o tanto de tempo que não renovo minhas memórias de você. E que não me falha a lembrança nem quando todas as lembranças parecem molhadas e perdidas no fundo do copo.

Eu me prometi que não escreveria sobre você. Uma forma de provar que você não é importante o suficiente. Porque no momento em que essas palavras estão sendo escritas, estou afirmando que você é especial. E que você ganhou até o meu lado racional, aquele que é capaz de juntar palavras em uma frase e frases em um texto, tudo isso pra te dizer que você é lindo e eu não paro de pensar em você sequer por um dia.

E que quando eu me esforço para pensar com a parte de cima do corpo, sei que estou errando. Mas o que não me contaram é que errar pode ser tão gostoso que eu nunca pensaria em fazer a coisa certa outra vez na vida. E pra ver esse teu sorriso de novo eu erraria quantas vezes fosse preciso. Errar só dói quando você pára, então é só não parar nunca. Eu vou sendo o teu erro, você vai sendo o meu e ainda que esse desacerto nunca se acerte, é errando que se aprende. Ou pelo menos, é errando que se vive.

8 de ago. de 2011

Coadjuvante

Sempre gostei mais de Rony Weasley que do Harry Potter. Entre Ross e Joey, meu preferido era o Chandler. Aos poucos fui enjoando de Edward Cullen e torcendo para Bella dar um pé na bunda de vampiro e lobisomem e ficar é sozinha.

Os personagens principais nunca tiveram graça pra mim. Meu coração sempre foi roubado pelos coadjuvantes. O amigo nerd. O cara engraçado que não pega ninguém. O mais desastrado (e zuado) de todos. Aquele que, quase sem você sentir, muda todo o rumo da história e a torna muito mais que uma história qualquer.

É muito fácil amar o protagonista, e eu nunca gostei do óbvio. Sempre busquei muito mais do que o brilho dos holofotes. Eu gosto é do defeito. Aquilo que fica escondido por debaixo da maquiagem. O que não é mostrado no filme, e só entra nas cenas de bastidores. A espontaneidade do momento, não o que foi ensaiado para aparecer na frente da câmera.

Eu sou ganha nos detalhes, na diferença, naquele defeito do tipo sempre-quis-mudar-isso-em-mim. Sempre que eu me apaixono sei apontar exatamente quais características únicas me fizeram ficar vidrada nele, e não em nenhum outro. O nariz torto que dá vontade de passar o dedo na curvinha, o sorriso que dá vontade de sorrir junto, a vontade de rir que dá só de ver aquela cara que ele tem... Beleza, inteligência, admiração, nada disso me conquista. Isso é o que me faz querer ficar e nunca mais sair.

Nunca desejei uma dessas histórias de amor que vão mudando tudo de lugar, invadindo toda sua vida e deixando tudo de pernas pro ar. Nunca vi beleza em amores que demoram anos pra se acertar e em reencontros que levam anos pra acontecer. Nunca quis nada gradioso o suficiente para ser inspiração de um filme de amor. Sempre gostei mais daquele amor manso, que vai te conquistando sem você deixar e ganhando cada pedacinho do seu coração sem você notar, e portanto, sem que seja necessário você permitir. Gosto de quem rouba a cena. Quem tem aquele dom de transformar algo comum em único. Quero alguém que venha de cara limpa e sem roteiro pronto para encarar uma temporada de stand-up no meu coração. E me faça dar gargalhadas e aplaudir de pé no final.