24 de fev. de 2013

A nova adolescência

“De repente 30” é um dos meus filmes favoritos. Eu entendo totalmente a protagonista Jenna e sua vontade louca de chegar aos 30 anos. A idade representa o ápice da vida adulta, e desde criança acreditamos que ser adulto é atingir algum ponto da vida cheio de realização e sabedoria.

Quando eu era adolescente achava que o número mágico que eu deveria alcançar era mais próximo: 18 anos. Minha ingenuidade me fez acreditar que a maioridade traria total independência, meu próprio apartamento, um emprego que pagasse as minhas contas e noitadas sem dar satisfação a ninguém.


A verdade é que completar 18 anos não quer dizer absolutamente nada. Com essa idade estamos entrando na faculdade e o máximo que conseguimos é um estágio que paga as baladas do final de semana. E não é só financeiramente que as coisas continuam as mesmas. Não faltam exemplos de moças e rapazes com mais de 20 que trocam de parceiro como de roupa, que dizem ‘eu te amo’ como quem diz ‘bom dia’, que acham que abusar de drogas e bebida é motivo de orgulho e merecem inúmeras fotos e posts nas redes sociais, que trocam de curso na faculdade a cada semestre, que brigam com os pais por se acharem mais espertos que eles... O período de dúvidas, rebeldia e problemas conhecido como adolescência cresceu e os 30 anos viraram a nova maioridade.


Com algumas diferenças de intensidade, ainda somos todos jovens indecisos e curiosos, que não fazem a menor ideia do que estão fazendo nesse mundo, esperando ansiosamente por aquele momento em que tudo vai fazer algum sentido. E torcendo para que, diferente da protagonista do filme, o que iremos encontrar não seja uma grande decepção.

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25 de mai. de 2012

O que você está fazendo da vida?

Quando você vai no show daquela banda que você ama, a vida é ótima. Quando você finalmente encontra aquela pessoa bacana que esperou por muito tempo, parece que tudo tem sentido. Quando você recebe uma promoção no trabalho ou arruma um emprego novo, você se sente extramamente realizado. Mas, sinceramente, às vezes a vida é um saco.

Não está acontecendo nada de ruim, você tem alguém, tem um teto, tem um salário, mas... não está acontecendo nada de bom também. E isso pode ser um grande problema. O que me acontece é o seguinte, eu me formei faz seis meses e esse é um grande marco na vida das pessoas. Tem um monte de coisa que a gente deixa pra fazer depois de se formar: um intercâmbio, casar, ter filhos, mudar de cidade, morar sozinho, abrir seu próprio negócio, colocar silicone, mudar de opção sexual... Sei lá, né. Cada um com seu cada um, mas todo mundo fazendo alguma mudança significativa. E eu não tô fazendo nada.

Ou não.

Parei pra pensar e vi que sim, eu tô fazendo muita coisa por mim. Eu não estou indo morar sozinha, mas tô aproveitando o conforto de ainda morar com meus pais para aprender uma língua pela qual eu sou apaixonada e nunca tive tempo de estudar. E eu provavelmente não estaria preocupada em falar francês se eu tivesse milhões de contas pra pagar e coisas pra resolver quando chegasse em casa do trabalho.

E eu não tô casando nem nada, mas finalmente tomei vergonha na cara e reeduquei minha alimentação. Tô aproveitando o tempo livre para me dedicar à academia e até aprendi a gostar de me exercitar três vezes na semana. É inacreditável.

Sem falar que finalmente estou dirigindo. Depois de dois anos com a habilitação envelhecendo na carteira, resolvi enfrentar meu medo de trânsito e já cruzei a cidade semana passada. Ainda preciso aprender a estacionar, mas dirigir é uma das coisas que eu achei que nunca fosse conseguir fazer de maneira satisfatória e olha aí.

Talvez nada disso vá mudar minha vida agora. Mas quem disse que só vale mudar se for da noite para o dia? Eu tô investindo em mim e vou ter retorno de médio a longo prazo. A minha vez de fazer alguma coisa realmente incrível vai chegar. E quando isso acontecer, vou pensar: é, eu fiz coisa pra caramba da vida!

13 de mai. de 2012

O amor sabe esperar (os Paralamas do Sucesso estavam errados)


Uma das piores coisas dessa nossa modernidade é a pressa. Não temos paciência para construir nada, queremos tudo pra ontem e trabalhar em grupo é difícil. Eu sou refém desse defeito. Dito isso, vocês vão entender porque a cena que vi hoje no metrô mexeu tanto comigo.

Estava voltando pra casa depois de visitar minha mãe, como faço todos os domingos. Como todos os domingo eu adio minha partida ao máximo, já que a viagem é longa e colo de mãe é uma delícia. Estava sentada sozinha no metrô esperando ele partir e ouvindo música no mp3. Distraída, vejo passar por mim um casal jovem, que pelo porte da Bíblia, deveria estar voltando da igreja. A moça sentou no último par de bancos que fica de costas para o próximo vagão. O rapaz que a acompanhava falou alguma coisa e continuou andando, em direção às portas que separam os vagões. Eu, sentada de frente, acompanhava toda a cena ainda distraída. Ele andava devagar, tentando convencer a moça a ir para o outro vagão. Ela virou em direção a ele, negou algumas vezes e virou novamente para a frente. Ele continuou lentamente indo para o outro vagão. Abriu a primeira porta e olhou pra trás. Abriu a segunda porta e aguardou no vão entre os dois durante alguns segundos e, não vendo nenhuma reação da parte dela, entrou no outro vagão. Demoradamente escolheu seu assento bem ao lado das portas, que ficaram abertas esperando que a menina se convencesse a ir encontrá-lo. E ela não o fez.

Aí que a cena ganhou minha total atenção.Ela iria levantar e ir sentar com ele ou ele voltaria? Acho que ele se perguntava a mesma coisa, porque, ansioso, não conseguia evitar as olhadelas em direção ao nosso vagão - meu e da moça, que permanecia calma e intacta. Ela, pelo contrário, não se mostrava nem um pouco nervosa pela situação. Eu não parava de olhar o relógio, imaginando que o metrô iria partir e alguém teria que se mover. E ela olhava pela janela a estação vazia. O rapaz continuou sua rotina de espiar o outro vagão, mas a cada nova investida já ficava claro o que ia acontecer. O alarme do metrô soou, ele levantou, fechou as portas e se sentou ao lado dela, que o beijou meigamente no rosto.

Tudo isso durou uns 3 minutos, eles saltaram na próxima estação, mas a cena me rendeu pensamentos pelo resto da viagem. Me coloquei naquela situação e de todas as opções imagináveis, aquela nunca seria a minha reação ao evento. Eu ficaria nervosa, ansiosa, inquieta e não esperaria 30 segundos para ir ao outro vagão. Ou ligar para ele vir me encontrar. Ou ficar espiando nervosamente até que ele viesse. E fiquei me perguntando como ela conseguia ficar parada ali sem fazer nada. E me bateu a resposta: ela sabia que ele voltaria.

Essa faceta do amor que, como diz Coríntios, tudo crê, tudo espera e tudo suporta, esse amor que nunca falha, tá em falta na minha vida. Porque eu parei de crer e esperar faz tempo. Eu sou dessa turma que quer tudo pra ontem e vai atrás disso, mesmo que essa jornada seja solitária. E nesse momento eu percebi que eu deveria esperar mais vezes. E que isso não vai me fazer menos dona de mim.  E que eu deveria permitir o meu par a conduzir a dança de vez em quando. Ainda que fosse mais demorado do que fazendo do meu jeito. Porque se o amor fosse uma competição, ela seria disputada por times, e não importa quem daria o primeiro passo, desde que os dois chegassem ao final dela juntos. E alcançar a vitória é muito mais fácil quando a dupla trabalha em equipe, assim ninguém fica cansado demais ou se sente excluído da conquista. E se tem uma coisa que eu gosto na vida é de ganhar.

Falando nela, é engraçado como a vida é. Esse casal nem lembra mais disso, eu não sei quem eles são, eles não sabem quem eu sou, mas vou levar essa história deles comigo todos os dias, para acalmar meu coração quando a ansiedade bater e insistir em me levar sozinha.

29 de mar. de 2012

Meant To Be

Eu sou uma pessoa pessimista. Ou talvez realista. A questão é que eu concordo com aquela frase de algum pensador famoso que diz: o homem é mau. Completo: e o mundo é uma merda. A vida é injusta e muitas das coisas boas acontecem não por mérito ou esforço, mas por sorte. Não tô falando de coisas normais, como um bom emprego, um carro do ano ou roupas de marca. Mas de coisas realmente boas, daquelas que nos arrancam um sorriso do rosto e nos fazem sentir felizes, independente do seu emprego ser de meia-tigela ou você andar em ônibus lotado todo dia. Nessas coisas, amigo, é o destino quem manda.

E eu não sou uma dessas pessoas excepcionalmente sortudas. Claro que minha vida é boa, eu tenho emprego, casa, comida, roupa lavada (e mãe!) e etc, mas nada anormalmente bom. E foi por isso que quando você chegou na minha vida, eu soube: não vai durar. E eu já me despedia daquele beijo com gostinho de quero mais e o sentimento de "foi bom enquanto durou". E a gente até tentou trapacear e fazer o enquanto se multiplicar, mas não teve jeito. A gente seria feliz demais. E toda teimosia já entra perdedora quando a luta é contra o destino.

Então, meu bem, não fique triste, mas acabou para nós. E não foi por você ou por mim, mas pela manutenção da ordem no universo. A vida precisa continuar sendo uma porcaria. E se nós ficássemos juntos, nós seríamos muito felizes, como ninguém nunca foi. Às vezes a gente iria querer se matar de ciúme, mas só porque nós dois somos os mais ciumentos do mundo, porque a insegurança de aparecer uma outra pessoa não existiria. O nosso beijo continuaria sendo o melhor que já provamos. E o tanto de paixão, experiência e prática seria a garantia de orgamos múltiplos para o resto da vida. E você iria cozinhar para mim e eu escreveria pelo resto da vida sobre você. E talvez a gente tivesse filhos, adotasse cachorros, plantasse árvores, construísse casas para os pobres e escrevesse músicas, tudo isso para deixar transbordar pelo mundo esse nosso amor gigante. É o tipo de coisa boa assim que não pode ser, porque se fosse, o mundo seria um lugar melhor.

É isso. Você vai seguir sua vida e arrumar alguém. E eu também. Vamos amar, casar, ter filhos e seremos felizes. Não duvide. Mas fique sabendo: nós dois seríamos muito mais que felizes. Não sei nem que palavra usar para explicar esse sentimento. E talvez essa lacuna no vocabulário seja uma boa forma de aceitar que esse tipo de amor não foi feito para existir.

13 de fev. de 2012

Cuide bem do seu amor, seja quem for

Não é raro ver alguém que terminou um relacionamento longo dizer "Eu não conhecia a pessoa com quem fiquei esse tempo todo". Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi isso. Acho que depois de um certo tempo junto você se acostuma com a pessoa com quem você começou a namorar. E também com a pessoa que você costumava ser quando começou a namorar. Mas querendo ou não, todo mundo muda. Pequenas coisas, mas que no dia-a-dia se tornam coisas enormes. De repente, o seu companheiro de japonês enjoou de comer sushi. O namorado que sabia cada passo da sua vida, nem pergunta mais como foi seu dia. A namorada que escrevia cartões em todas as datas especiais já não escreve mais um bilhete. Pequenas coisas, grandes consequências.

E aí, meu amigo, você começa a fingir que não se incomoda. Ou a fingir que ainda é a mesma pessoa e ainda é o mesmo relacionamento, em uma versão insossa do que costumava ser. Porque você ama a pessoa e ela te ama e nada precisa mudar. Mas tudo precisa mudar. Sempre precisa mudar. Porque querendo ou não a vida muda a gente, só basta a gente acompanhar essas mudanças.

O erro é achar que amor é para sempre e que ele sobrevive a qualquer coisa. Pode ser, mas não necessariamente é. Se você cuidar dele todos os dias, essa chance aumenta. E souber valorizar o que é bom na relação e amenizar o que é ruim. Amor é pra ser você mesmo na companhia do outro, sem ter medo de falar o que pensa e o que sente e a pessoa deixar de te gostar. É, amor dá trabalho. E nem todo mundo tem competência pra essa função.

Amor também é conquista. Porque conforme vamos mudando, parte do que fomos vai deixando de existir. E não é garantido que esses novos eus que vão surgindo dentro da gente, se apaixonem por quem estamos tão acostumados a gostar.

Ter que usar máscaras e encarnar um personagem que você não é, é o primeiro passo para o fim. Porque como em um emprego, você começa a não ter mais vontade de estar lá e simplesmente aparece pra bater o cartão. Pode parecer clichê e é. Mas a verdade é que os relacionamentos seriam simples, se nós não fôssemos tão complicados.

Relacionamento é muito mais que amor. É sobre maturidade, sabedoria, compreensão e acima de tudo, interesse pelo outro. Não é atração e muito menos interesse financeiro. É preciso cultivar um interesse pessoal pelo seu parceiro. Achar ele interessante, companheiro, enxergar nele valores especiais, ver nele algo único. Quando acaba a paixão cega dos primeiros meses, é isso que mantém o sentimento vivo. É isso que faz o relacionamento estar sempre em movimento e te motiva a dar o seu melhor, por mais difícil que seja conviver com alguém diferente de você. Acho que sem isso tudo aí, nem tem como existir amor.

É dificil, mas não se pode deixar o medo do desafio nos levar a ficar parados e agarrados a um passado, que claro, passou. Quando as coisas não evoluem, elas começam a retroceder. E não há nada pior do que voltar à estaca zero de um relacionamento que durou um tempo considerável. É como voltar frustrado para aquela cidade que você deixou há muito tempo atrás, cheio de planos e sonhos que não se concretizaram. Cheio de bagagens pesadas e lembranças amargas, é muito mais difícil se locomover.

Amar é ter que dar a cara a tapa. E se deixar ser volúvel. E se permitir ser vulnerável. E correr atrás, brigar, lutar com unhas e dentes. Amor também acaba, mas às vezes isso só depende da gente.

17 de out. de 2011

1x0 Eu

É uma luta constante. A primeira palavra que veio a minha cabeça foi diária, mas ao usá-la daria a impressão errada de que o embate acontece, alguém sai vencedor e tudo se acalma por aquele dia. E não é isso. É uma batalha silenciosa que pode se alongar até o fechar dos olhos, sem ninguém perceber. E as cenas ainda continuam rodando na sua cabeça como um filme sem fim. Está em cada gesto, em cada palavra, em cada toque. E na falta de cada um deles também.

E eu já me cansei de perder essa luta, sabe? Eu não sei qual é o prêmio para o vencedor, mas como derrotado sei que se perde muito mais que aquele round. Vai-se a dignidade, o orgulho, todo seu bom senso e muito da sua sanidade. A sua tática é perfeita: o oponente pensa que tem a vantagem e vai deixando você ganhar espaço com suas investidas, que devagar e sempre vão o levando à lona sem ele nem perceber o nocaute iminente. No final das contas quem perdeu ainda se sente culpado pela derrota. E você sai ileso.

Mas eu já saquei qual é a tua. E não vou mais deixar você interferir assim na minha vida, levando minha paz, meu sono e tudo de bom que eu tenho em mim. Ainda que eu tenha que me aliar a antigos inimigos. O pacto com o diabo às vezes vale o preço a se pagar. Só queria deixar bem claro que eu estou disposta a vencer e não vou medir esforços para tal, portanto, traga suas melhores armas. E Ciúme, só fica o seguinte aviso: o placar atual é 1x0 eu.

5 de out. de 2011

Oi, eu sou neurótica.

Sou uma pessoa neurótica. Resolvi aceitar essa realidade de tanto os que se intitulam meus amigos repetirem isso na minha cara. Gastei alguns minutos do meu tempo pensando em argumentos para comprovar que isso era mentira deslavada, mas acabei me convencendo. Sou neurótica mesmo. Mas em minha defesa, o mundo quer que eu seja assim.

Eu não sei como as pessoas viviam sem celular, Facebook, e-mail e etc. Imagino que bem mais tranquilas do que nós vivemos agora. Acontece o seguinte: tem mais celular que gente no mundo. Quase todo mundo tem pelo menos um. E a ideia é poder encontrar a pessoa a qualquer momento, em qualquer lugar. Mas isso nos fez esquecer que nem sempre queremos ser encontrados. Nos deixou mal acostumados mesmo... "Cadê fulano que não está online nem atende o telefone? Com certeza aconteceu alguma coisa!" Não. Às vezes o fulano só não tá a fim de atender o telefone. Ou está no motel.

E se já não bastasse aquela velha cobrança para você conseguir um namorado ou marido ou noivo, agora inventaram também o relacionamento enrolado. Como você chama alguém com quem tem um relacionamento enrolado? Ficante? Peguete? Fugueta e mete o pé? Todas as opções são ridículas. E quais exatamente são as regras sociais para conviver com um relacionamento enrolado? Você convida o fofuxo para aquela festa da empresa ou vai sozinha? Ganhou dois ingressos para o cinema: liga para o gato ou chama uma amiga? Ninguém sabe, nem adianta pedir ajuda para os universitários.

E claro, você não arruma nem um relacionamento enrolado se não frequentar uma academia. É pecado ser sedentário. Ser sedentário e comer carboidratos então, é tudo que a pessoa precisa fazer para merecer todo e qualquer mal que exista no mundo. Está gripado? É porque você só come porcarias. Bateu com o dedão na quina do sofá? Se você fosse mais flexível, isso não teria acontecido. Tomou um pé na bunda? Com esse corpinho, querida, agradeça por ter aparecido alguém disposto a ficar com você em primeiro lugar.

Antigamente, você diria que sua melhor amiga é sua mãe ou aquela amiguinha que você cultiva desde os anos de colégio. Cheguei a conclusão que minha melhor amiga é a Yasmin. É quem está comigo todos os dias, faça chuva ou faça sol. Quem vai comigo até nos piores programas de índio. E por quem eu faço tudo, mas qualquer coisa mesmo, para não desagradar e correr o risco de não a ter ao meu lado, nem por um mês que seja. Afinal, que outra amiga permite que você se divirta sem se preocupar com os próximos nove meses? E apesar de todos os pesares, ela nunca me chama de neurótica.